Esta não é apenas uma vestimenta — é um idioma que se move.
A tanga de sementes dos povos Wai Wai, presente no Amazonas e no Pará, é feita de fibras naturais entrelaçadas com padrões gráficos e adornada com sementes tintas de vermelho intenso. Cada uma delas carrega ritmo, memória e floresta.
Quando o corpo se move, a tanga canta.
O som das sementes batendo umas nas outras acompanha danças, rituais e momentos de celebração. Mas esse som não é só musical — ele é espiritual. É o chamado dos espíritos da mata, o sinal de que a vida pulsa em harmonia com os ciclos naturais.
O grafismo geométrico no trançado não é decoração: é linguagem visual. Registra caminhos da ancestralidade, mapas da floresta, visões recebidas em sonhos. São os códigos invisíveis de um povo que aprende com as folhas, os rios, os bichos e os ventos.
Essa peça é usada tanto por homens quanto por mulheres, e pode compor trajes cerimoniais, de dança ou de iniciação. Mais do que cobrir, ela revela: revela o pertencimento a um modo de viver coletivo, respeitoso e ritualizado.
Vestir essa tanga é vestir a Terra.